(POR) Sygne polyglota – Markos ZAFIROPOULOS

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(POR) Sygne polyglota – Markos ZAFIROPOULOS


Editorial


 

Levando em conta a mundialização das trocas e da dimensão internacional do Círculo Internacional de Antropologia Psicanalítica (CIAP) da qual Sygne é uma grande voz, era preciso disponibilizamos aos nossos leitores um número Babel atestando que Sygne é poliglota. É o que foi feito neste número. Espero que ele contribuirá pelas línguas com a elucidação freudiana dos tormentos da modernidade em suas profundas particularidades testemunhadas na pluralidade dos sintomas e dos fantasmas da clínica, como na eminente diversidade do mal-estar pelas culturas. Entende-se que o sujeito do inconsciente é uma função da linguagem, dos mitos, dos ritos, das estruturas do parentesco e das circunstâncias sócio-históricas. Sua inteligibilidade exige esse tipo costura entre o que pode ser atualizado pela psicanálise e o avanço das outras ciências sociais (história, sociologia, etnologia etc). Este conjunto culmina no que chamamos de antropologia psicanalítica, um capítulo da psicanálise desenvolvida sobre a dimensão coletiva do sujeito onde encontramos uma grande tradição nos textos freudianos ; da Moral sexual civilizada ao Moisés e o monoteísmo passando por Totem e tabu à Psicologia das massas e a análise do Eu e Lacan endossou essa perspectiva freudiana. O conjunto do desejo de Freud fez seu retorno pela voz de Lacan, primeiro em Paris e em seguida no plano mundial, onde nos situamos modestamente, mas orientados por este retorno. Não se trata apenas de fidelidade transferencial, pois seguindo os caminhos que levam de Freud à Lacan, percebemos a atualização dos descompassos simbólicos que acompanham a evolução histórica da cultura ocidental afetando o envelope formal do sintoma. Devemos à obra de Lacan algumas resoluções cruciais de grandes questões deixadas por Freud e alguns de seus impasses, como é o caso das psicoses ou da questão feminina sempre retomadas por Lacan, segundo os períodos de sua pesquisa, passando do momento sociológico, para o momento estruturalista e talvez enfim, ao momento logicista[1].

 

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[1]Traduction : Renato SARIEDINNE